Inteligência Artificial no suporte psicológico: ferramenta ou risco?

Inteligência Artificial no suporte psicológico: ferramenta ou risco? O avanço da inteligência artificial (IA) tem revolucionado diversas áreas da sociedade, incluindo o campo da saúde mental. Ferramentas de IA, como chatbots e aplicativos de suporte psicológico, prometem acessibilidade e baixo custo, democratizando o acesso a recursos de bem-estar. No entanto, a implementação dessas tecnologias na área da psicologia levanta sérias preocupações e riscos que demandam uma análise cuidadosa. A relação terapêutica é um pilar fundamental e insubstituível em qualquer processo de apoio psicológico. Ela é construída sobre a empatia, a confiança e a capacidade do terapeuta humano de compreender as nuances emocionais, o contexto social e as experiências vividas pelo sujeito. A IA, por mais avançada que seja, opera com base em algoritmos e dados. Ela pode simular a empatia, mas não a sente. Essa limitação intrínseca impede que a IA compreenda a profundidade e a complexidade da experiência humana, o que pode levar a respostas genéricas, descontextualizadas ou até mesmo prejudiciais. Um dos principais riscos do uso da inteligência artificial como apoio psicológico é o viés presente nos algoritmos. Isso acontece porque os dados usados para treinar esses sistemas muitas vezes carregam preconceitos sociais, culturais e de gênero, o que pode acabar reforçando estereótipos e atitudes discriminatórias. Além disso, a inteligência artificial pode cometer erros ao interpretar a sua solicitação. Por exemplo, um chatbot pode entender de forma equivocada uma crise de ansiedade ou um pensamento suicida, respondendo de maneira inadequada e podendo piorar a condição da pessoa. A IA é programada para fornecer respostas que se alinham com o que é considerado útil ou positivo, o que pode mascarar a complexidade do seu sofrimento emocional. Ao invés de lidar com a causa real da dor, a IA pode oferecer conselhos superficiais que podem até mesmo agravar seu estado. Cuidar da saúde mental envolve presença, não apenas respostas. O olhar especializado é fundamental para garantir um atendimento de qualidade, onde o profissional irá compreender sobre o seu caso, buscar novas abordagens e assumir a responsabilidade ética e legal pelo cuidado prestado. Como a IA não tem consciência, ela não pode ser responsabilizada por eventuais erros. A saúde mental não se restringe a uma lista de sintomas ou a um conjunto de respostas. Ela é profundamente atravessada por fatores sociais, econômicos e culturais. A psicoterapia é um processo de autoconhecimento e transformação que exige a presença, o acolhimento e o olhar clínico de um profissional qualificado. Não se trata de rejeitar a tecnologia, mas de reconhecer seus limites, assim como os riscos que acarretam o uso indiscriminado. A IA pode ser uma ferramenta valiosa quando utilizada como complemento, e não como substituto, do trabalho humano. O papel de um psicólogo, que é o de acolher, escutar, interpretar e, acima de tudo, estabelecer uma relação de confiança e respeito, é insubstituível. A ética na psicologia exige que a tecnologia seja utilizada a serviço do ser humano, e não o contrário. A tecnologia pode nos ajudar a expandir o acesso às informações, mas a responsabilidade e a empatia continuam sendo a essência do ser humano. Se você estiver passando por um momento de crise e/ou algum sofrimento psíquico procure ajuda humana urgente e imediata: Pronto Socorro ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA) CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Clínicas-escola de faculdades e universidades – muitas faculdades oferecem atendimento psicológico à comunidade. Os preços costumam ser sociais ou até gratuitos.
Por: Vanessa Cristina Conzi Troleiz Psicóloga – CRP-RS 07/21232
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